Desnecessário é ter que explicar o silêncio que preenche o nada dentro de si.
Desnecessário é a todo momento ter que olhar onde ando.
Pois o nada não é completo e excluso de tropeços.
Nada continua o mesmo, nem o nada.
Ele é volúvel como as chamas em movimento.
E queima ao tentar ser manipulado.
Conjure a vida, conjure o amor.
Ainda assim, o nada permanece presente.
Como se a chama fosse uma punição eterna.
Ninguém diz que é necessário.
Ao mesmo tempo, alguém pergunta: pode algum outro sentir o mesmo?
Em silêncio todos concordamos sobre o nada que sentimos.
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pintura: Cupindon, de William Adolphe Bouguereau (1891)